
- Ah, nada a ver, isso é paranóia só por quê a cidade é pura radioatividade. – Disse Rafa, meu irmão num tom irônico.
Vestimos nossas roupas e nos deram um pequeno aparelho com um botão vermelho para perdurar na cintura.
- Basta apertar o botão vermelho, quando a luz começar a piscar significa que o transporte já estará a caminho para buscá-los, e se vocês forem corajosos o suficiente para permanecer durante as oito horas em Prypiat, esse mesmo controle vai piscar e vibrar 45 minutos antes da partida para que vocês possam chegar à praça central, mesmo lugar onde desembarcarão em poucos minutos.
Meu irmão como bom mulherengo que é, foi cantar a guia do nosso helicóptero.
- Desde quando você trabalha de guia pra levar esses malucos pra Prypiat?
- Não faz muito tempo, e também não vai durar, depois de um tempo eles te mandam embora por causa do risco, sabe como é né, radioatividade é muito sério.
- Mas porque você trabalha com algo tão perigoso? Você podia ser modelo sabia!
Ela riu sem graça.
- É difícil conseguir turistas pra levar a uma cidade fantasma, quando surge a oportunidade eles pagam muito bem. – Disse a guia enfatizando o “muito”. – Além do mais, eu nasci no ano do acidente ali mesmo em Prypiat, minha vida está aqui.
- Mas você é tão nova, por quê tem tantos cabelos brancos.
- Césio 137 - Disse ela virando o rosto.

- Prypiat, tinha 55.000 habitantes e foi evacuada da noite pro dia por causa do acidente com a Usina Nuclear de Chernobyl, em 1986. Os moradores não tiveram tempo de levar nada, só a roupa do corpo e uma mala com pertences. A região ficará inabitada por seres humanos pelos próximos 300 anos e a cidade se tornou um imenso museu a céu aberto desde o dia do acidente...
Enfim chegamos a tão sonhada cidade fantasma, peguei minha câmera e começamos a andar, haviam mais três amigos nos acompanhando, Guti,Leela (o casal) e Ed.

Rafa também mudou um pouco, ele parecia conectado as coisas, “paranóia pura” foi o que pensei.
Todo aquele silêncio era pertubador, a cidade há muito morta parecia roubar a vida que havia dentro dos visitantes comovidos ao ver pertences abandonados nas ruas, toda aquela sujeira, ferrugem, destruição eram um retrato do pânico, e esse eu tinha certeza que não abandonara nunca Prypiat.
Continua (?)
Só para loucos - Ventania