sábado, 27 de dezembro de 2008

Bolero matador I


O Ford negro brilhava impecável estacionado à espera dela, dentro havia um charmoso jovem vestindo um elegante terno risca de giz que estava a apreciar uma taça de martini e a deleitar-se com seu charuto cubano, presente de um cliente fiel.
E logo a viu atravessar a rua com seus passos pequenos tentando se equilibrar naquele par de saltos que mais pareciam sapatos de bonecas, apesar do andar levemente desajeitado, ela conseguia ser sexy mesmo com aquela expressão dura, de quem nunca amou.
Desde que a viu pela primeira vez bebendo em uma mesa com o abajur desligado numa dessas casas de shows onde não se encontra mulheres de respeito, afinal beber e fumar não é coisa de uma mulher em sã consciência, muito menos nudez.
Ela estava deslumbrante apesar de simples, vestia uma saia preta justa que ficava um pouco acima dos joelhos, e uma blusa branca de bolinhas pretas, era quase uma pin up. Segurava uma bolsa vermelha de modo que parecia levar um tesouro em suas mãos.
O motorista abriu a porta do carro e a mulher entrou rápido tentando manter a discrição.
- Não quero negociar aqui, vamos ao outra parte da cidade. - Disse ela impaciente.
- Tudo bem.- Ele sorriu - Juan, leve-nos até as docas.
Durante o percurso ele admirava os lábios da mulher, tão carnudos, tão vermelhos que dava até vontade de... de... de agarrá-la ali mesmo. Com Juan de voyeur. Quanto a ela, tentava resistir ao encanto do olhar daquele homem e aquele sorriso que a fazia estremecer.
O carro parou e Pierre pediu que Juan se afastasse.
- Agora sim podemos negociar tranquilamente.- Disse ele ao apoiar o braço em cima do encosto do banco de Betty.
- Sim, mas primeiro eu quero ver a mercadoria.
- Claro! - Disse ele levando a mão ao zíper da calça e fazendo uma menção de abrí-lo.
- Não seja idiota! - Disse Betty ao dar-lhe um tapa no braço.
- Eu não resisti a piada. Perdão.
- Cadê a neve?
- Está aqui. - Ele levou a mão ao bolso interno do paletó. - Cadê o dinheiro?
- Está bem aqui- Ela disse dando um leve tapinha em seu seio esquerdo.
Ele tirou o pequeno pacote de cocaína do bolso e o segurou bem a frente dela. Ela o repreendia com o olhar enquanto colocava a mão dentro da blusa e tirava o bolo de dinheiro de dentro do soutien. O negócio foi fechado, e no rádio tocava um belo bolero.
- Eu preciso de mais uma coisa. - Ela disse, colocando o pacotinho dentro da bolsa.
- Antes de falar, aceita uma taça de martini?
- Claro, por que não. - Ela apanhou a taça e bebeu como se estivesse com sede.
- Então, o que deseja?
Betty lhe lançou um olhar voluptoso, ardente. Puxou o homem pela gravata e disse a uma pequena distância de seus lábios.
- Você.
Beijos cheios de desejo, as mãos de Pierre percorriam as sinuosas curvas de Betty. Ouve-se um baque, era Juan que havia jogado seu corpo contra o carro, havia sangue na janela. Pierre olha pela janela e vê um homem que parecia furioso.

Continua

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Votos


Para ler ouvindo isso

Em questão de dias 2008 chegará a seu fim, e eu mal posso esperar para sentir o frescor de dias de esperança e novos ânimos, bem como uma nova consciência e quem sabe um novo jeito de encarar os obstáculos que estarão em meu caminho.

Como de costume nós sempre desejamos a todos "muita felicidade, paz, dinheiro, amor e que nada lhe falte neste novo ano", eu não.

Eu desejo que você tenha problemas, para que você consiga resolvê-los e assim crescer. Desejo que você sinta falta, para que assim aprenda a dar valor. Que você sabia que amor não é tudo na vida, mas que é maravilhoso ter alguém ao seu lado. Que você tenha dinheiro, mas que você saiba que existem coisas na vida que não tem preço (para todas as outras existe Mastercard). Desejo momentos inesquecíveis de dor e de alegria. E que de vez em quando você perca o chão e mesmo assim não desista de lutar para vencer um momento difícil. Que você sinta frio na espinha.E desejo que um belo sorriso adorne o seu rosto na hora certa. Quando menos se esperar pode acontecer um milagre. E que você aproveite cada minuto e experimente novas sensações.


Carpe diem.


Post extremamente clichê mas é do fundo do meu coração de pedra.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Veneno

E que grandes merda eu ter reprovado em uma matéria por sua causa. Ficar em casa deitada me parecia uma opção melhor do que ir pra aula e ficar calada e com aquela imensa vontade de falar. Estava a ponto de explodir, não tinha mais vontade de sair nem do meu próprio quarto.
Foram tempos difíceis, e quase ninguém se deu ao trabalho de olhar nos meus olhos e perguntar se eu me sentia bem. Uma, apenas uma pessoa estava sempre disposta a meu ouvir ou me dar um abraço quando eu mais precisei, e essa pessoa não foi você.

Enquanto eu me afogava nos meus próprios sentimentos, você estava se divertindo, e nem lembrava que eu existia, foi um erro esperar tanto de você. E que por um lado quando você me tratava mal e tinha suas crises de bipolaridade e eu era o seu único alvo, do outro ele estava sempre a suportar todos meus surtos com um sorriso nos lábios.

E quando você me disse que gostava dele eu sempre dei uma força, imaginei os dois como um casal e me parecia que ia mesmo rolar. É, eu torci por vocês.

Mas você me fez tanto mal, e eu cheguei ao ponto de te pedir atenção. E eu não me arrependendo, porque depois disso você sentiu o peso do seu egoísmo e eu vi você segurar o choro na minha frente, me senti mais leve depois de ver seus olhos marejados. Mas prometi a mim mesma nunca mais fazer isso de novo.

Você sempre teve tudo de liberdade à amigos, mas eu tenho aquilo que você mais deseja. Eu tenho a ele, mesmo que por respeito eu não deixo que ele tenha um pingo de esperança, eu vejo como você é estupidamente infeliz por causa disso eu me sinto bem melhor.

A culpa não é minha, eu tenho essa coisa de roubar sem querer aquilo que a pessoa mais deseja, mas dessa vez meu bem, eu não dou a mínima.
HAHAHAHAHA!

I had too much to dream - The electric prunes

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

E se...

Se eu quisesse quem me quer, tudo seria tão mais facil.
Se minhas paixões não fossem todas platônicas.
Se meus sonhos não fossem tão difíceis de alcançar.
Se eu me contentasse com o pouco que tenho.
Se fosse mais realista.
Se não desejasse com cada célula do meu corpo ser livre.
Se eu não fugisse das minhas responsabilidades.
Se eu não quebrasse as regras e a minha cara de vez em quando.
Se eu não odiasse meio mundo.
Se eu não perdesse a linha.
A vida não teria graça nenhuma.
What it takes - Aerosmith

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

º

Relações, ah... As relações interpessoais são tão complicadas e com certeza você já pensou em algum ponto da sua vida que as pessoas seriam mais fáceis de lidar se todos fossem como você. Se as pessoas fossem menos egoístas, egocêntricas, preconceituosas e ciumentas.

Existem alguns idiotas que se sacrificam, as vezes até demais pelos outros. Essas, são pessoas que valorizam a amizade e fazem o máximo possível para mantê-la sempre.


E como a vida tem pontos altos e baixos, nos baixos, às vezes você percebe coisas que talvez não existem, ou que sempre estiveram na sua frente, e para você perceber a vida teve que lhe esfregar isso na cara.


Pois é, eu como boa idiota nunca fiz questão de assimilar isso, mas agora fui forçada a entender que nós somos descartáveis. Sim, descartáveis. É meu caro, você que acha que sua amizade de anos nunca pode ser abalada, está redondamente enganado, aquele seu amigo a quem você confia tantos segredos ou até mesmo aquele que ganhou a sua confiança à pouco tempo mas mesmo assim é um puta amigo, amizades que pareciam sólidas como rocha podem se desfazer. Como? Titia explica.


Você é um cara (ou uma garota) legal, engraçado, metido a alternativo, inteligente, confiável e divertido e tem seus amigos. Mas é claro que o círculo de amizades sempre se renova, pessoas vão e vem. Em algum momento aparece alguém muuuito mais legal, engraçado, alternativo de verdade, cult, bonito, divertido, fala muito mais putarias do que você, mais puta ou pura (no caso nas meninas), mais pegador ou galante (nos caso dos meninos) enfim, uma pessoa muito mais foda do que você. Tem qualidades que chamam a atenção do seu amigo e ali nasce mais uma amizade entre o supercool e o seu amigo.


O tempo passa e quando você percebe o supercool e o seu (no momento ex-) melhor amigo são melhores amigos e você? Ah, você é segundo plano, é o step agora, de alguma forma isso aconteceu. E os seus finais de semana que costumavam ser sempre ocupados para sair com os outros agora são vazios, você fica em casa se acabando em reprises de seriados, programas humorísticos, MSN, pizza, chocolate, depressão pós-parto (briinks), Beatles, Radiohead, Placebo e Pink Floyd.


E a maldita Lei de Murphy ainda te ajuda a cavar quando você está no fundo do poço, ninguém te chama pra sair.Se você tiver sorte alguém do MSN pode se tronar seu amigo, e assim começar o ciclo de novo, mas se você for um azarado o seu antigo amigo pode chamar o seu novo amigo pra sair acabando assim até com o seu sagrado MSN de sábado a noite. Ou pior, além disso o seu novo amigo pode gostar de você.


Então se você se encontra nessa situação decadente de ter que pedir atenção aos outros e chorar litros ouvindo Hey Jude, Creep, Special Needs, Mother, The great gig in he sky e dançar em cima da sua cama. Eu tenho duas coisas a dizer.


1. Conforme-se, pode ser que tudo volte ao normal e era tudo uma fase ruim e carência sua.
2. Te fode nerdão, ninguém mandou não ser tudo-de-bom.



Ps: Juro que não foi a intenção fazer um post drama, odeio drama.
Ps²: Post super embaraçoso, porém libertador.



"A escolha entre a solidão certa ou a possibilidade de solidão"
Um cara ai do meu msn.

Country Girl - Primal Scream