Antes de entrarmos nos helicópteros perguntaram se nós queríamos mesmo passar por aquela experiência. Segundo o guia o primeiro grupo que visitou Prypiat acionou o transporte 15 minutos após desembarcarem na cidade, alguns alegaram ter sentido sensações estranhas e ter visto coisas que não estavam ali, mas todos concordam que o que mais dava arrepios era o silêncio.
- Ah, nada a ver, isso é paranóia só por quê a cidade é pura radioatividade. – Disse Rafa, meu irmão num tom irônico.
Vestimos nossas roupas e nos deram um pequeno aparelho com um botão vermelho para perdurar na cintura.
- Basta apertar o botão vermelho, quando a luz começar a piscar significa que o transporte já estará a caminho para buscá-los, e se vocês forem corajosos o suficiente para permanecer durante as oito horas em Prypiat, esse mesmo controle vai piscar e vibrar 45 minutos antes da partida para que vocês possam chegar à praça central, mesmo lugar onde desembarcarão em poucos minutos.
Meu irmão como bom mulherengo que é, foi cantar a guia do nosso helicóptero.
- Desde quando você trabalha de guia pra levar esses malucos pra Prypiat?
- Não faz muito tempo, e também não vai durar, depois de um tempo eles te mandam embora por causa do risco, sabe como é né, radioatividade é muito sério.
- Mas porque você trabalha com algo tão perigoso? Você podia ser modelo sabia!
Ela riu sem graça.
- É difícil conseguir turistas pra levar a uma cidade fantasma, quando surge a oportunidade eles pagam muito bem. – Disse a guia enfatizando o “muito”. – Além do mais, eu nasci no ano do acidente ali mesmo em Prypiat, minha vida está aqui.
- Mas você é tão nova, por quê tem tantos cabelos brancos.
- Césio 137 - Disse ela virando o rosto.
E logo a guia nos contou a história da cidade.
- Prypiat, tinha 55.000 habitantes e foi evacuada da noite pro dia por causa do acidente com a Usina Nuclear de Chernobyl, em 1986. Os moradores não tiveram tempo de levar nada, só a roupa do corpo e uma mala com pertences. A região ficará inabitada por seres humanos pelos próximos 300 anos e a cidade se tornou um imenso museu a céu aberto desde o dia do acidente...
Enfim chegamos a tão sonhada cidade fantasma, peguei minha câmera e começamos a andar, haviam mais três amigos nos acompanhando, Guti,Leela (o casal) e Ed.
Era realmente assustador todo aquele silêncio, veículos abandonados, e as bonecas jogadas no chão pareciam te observar, estudar cada movimento seu. Confesso que durante os primeiros 40 minutos estava tranqüila, mas depois disso a radioatividade parecia tomar conta de mim, tentei não me preocupar e tirar minhas fotos.
Rafa também mudou um pouco, ele parecia conectado as coisas, “paranóia pura” foi o que pensei.
Todo aquele silêncio era pertubador, a cidade há muito morta parecia roubar a vida que havia dentro dos visitantes comovidos ao ver pertences abandonados nas ruas, toda aquela sujeira, ferrugem, destruição eram um retrato do pânico, e esse eu tinha certeza que não abandonara nunca Prypiat.
Continua (?)
Só para loucos - Ventania
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8 comentários:
Os blogs de vocês estão cada vez melhores.
Ps: A boneca parece o Chuck.
Hihihi
achei que a música do dia ia ser "Sound of Silence - Simon & Garfunkel" ou então "Rosa de Hiroshima".
Uou, concerteza continue! ahuah
Não sei porque, mas eu tenho uma grande curiosidade por radiação.
eu sei que é estranho... hauah
"mas depois disso a radioatividade parecia tomar conta de mim"
Como será isso?
Bom, eis aí o legado do socialismo.
Hiroshima e Nagasaki
Eis ai o legado do capitalismo.
Como se a URSS não fosse usar a bomba se eles tivessem uma.
Cara de mamão >P
Qualquer país usaria a bomba se a tivesse. Isso só faz contar pontos pro capitalismo que conseguiu produzir a bomba mais rápido. Viu, o mercado é mais eficiente!
Opa, por isso que o primeiro homem no espaço foi dos EUA... ops.
Enfim, não vou mais discutir pra Fah não me odiar mais do que ela me odeia.
Mas chegamos primeiro na lua! Rà, Eat that, Brejnev!
Tà tá, parei...
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